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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Circo e Tancá


De olhos fechados vejo,
Um picadeiro onde ensejo,
Solto meus versos no ar,
Sinto nas extremidades trepidar.

Como um colapso luminoso,
Navego bendito fruto silencioso,
Um orgasmo de idéias,
Olhando à margem as areias.

Não sei se é Aesir o guerreiro coração,
Lutando afoito defronte a vida,
Ouve ao longe uma canção.

Navegando num tancá a essência Vanir, então
Faz brotar à natureza contida,
Das marés e picadeiros, uma paixão.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mulher

Citadino fio de navalha,
Rasga meu peito e entalha.
Faz um desenho abstrato.

Chuva retida na calha,
Tarda a cair, mas não falha.
Aguarda o chão seu contato.

Flor de pétala suave,
Voe livre e leve ave.
Sibile sua canção.

Costela, clamo-te Ave.
Me leve por fim em sua nave.
Me deixe à palma da mão.

sábado, 13 de novembro de 2010

Uma canção

Soava como nuvens no céu,
Aquele velho homem debaixo de seu chapéu,
Com um violão velho e aquele paletó,
Que quem olhava tinha dó.
Mas quem ouvia transgredia a sua triste vida.

Soava como um velho blues,
Não o azul do céu, mas dos olhos seus, azuis,
Como a mão deslizava simples sobre as linhas,
A música surda, muda, erva daninha.
Mas quem ouvia transgredia a sua triste vida.

Soava como um negro, escravo do Mississipi,
Não era normal nem anormal, só não havia escripte,
Na verdade não era aquele mesmo blues triste,
Nem sei se já ouvi algo parecido, nem sei se existe.
Mas quem ouviu transgrediu a sua triste vida.

Soava como sempre soou um coração carente,
Mais alto e claro que quente,
A música mais bela e menos ouvida,
Nunca antes assim interpretada, a música da vida.
E quem conseguiu ouvir, interpretou assim sua própria canção sofrida.