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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Éden

Não vou mais chorar o povo estando cego,
Nem vou mais gritar o povo estando surdo,
Nesse grande éden sem maçã;
A voz mais baixa é da multidão,
Que é como um disparo de canhão com silenciador,
E um projétil de algodão que não causa dor.

Não sei se é a lei ou o interprete que a vela,
Nos telhados da favela,
A menina mais bela encontra uma bala perdida.
Bandida, bandida bala achada não mais perdida.
Que ao encontrar a vida salga o rosto de uma mãe.

O pára-brisa está sujo, moleque limpa,
Já está limpo o outro limpa,
Já está limpo um outro limpa.
O sinal está fechado e o transito parado,
O moleque da favela não quer mais jogar bola,
Já não anda mais em pé, de joelhos ou deitado.
E a sociedade pede esmola.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O Círculo

Galiléia descoberta,
Seu raio nos guarda a vida. 
Entre o findar e o nascer do sol,
Ínfimo momento onde a morte lida.

No âmago um eixo pende a força que transporta,
Vezes mais longe que a sorte nos deseja.
São três os transportados, jovens sonhos desgarrados,
Arrancados quando ainda a vida flameja.

Arremates súbitos de uma existência veloz,
Dos meus amigos sempre algoz.
Trezentos e sessenta graus uniformes,
Onde encontrar o fim de uma perfeição atroz?

Saudade me deixa o peito cheio,
A falta é como um anel,
Como superar sua partida ao meio?
Como aceitar que o fim simplesmente veio?



*(aos meus amigos que se foram subitamente em acidentes automobilísticos)