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sábado, 13 de novembro de 2010

Uma canção

Soava como nuvens no céu,
Aquele velho homem debaixo de seu chapéu,
Com um violão velho e aquele paletó,
Que quem olhava tinha dó.
Mas quem ouvia transgredia a sua triste vida.

Soava como um velho blues,
Não o azul do céu, mas dos olhos seus, azuis,
Como a mão deslizava simples sobre as linhas,
A música surda, muda, erva daninha.
Mas quem ouvia transgredia a sua triste vida.

Soava como um negro, escravo do Mississipi,
Não era normal nem anormal, só não havia escripte,
Na verdade não era aquele mesmo blues triste,
Nem sei se já ouvi algo parecido, nem sei se existe.
Mas quem ouviu transgrediu a sua triste vida.

Soava como sempre soou um coração carente,
Mais alto e claro que quente,
A música mais bela e menos ouvida,
Nunca antes assim interpretada, a música da vida.
E quem conseguiu ouvir, interpretou assim sua própria canção sofrida.

Um comentário:

  1. ótima construção textual!!!
    gostei do desenvolvimento...

    mas ca pra nós..
    que triste!!!!
    o velho blues.. tocando a musica da vida..
    da triste vida do velho negro..

    mais uma vez..
    parabéns

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